NAS CINZAS DO TEMPO – 01.12.2016 - Um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta…
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Coma uma lesma viva de manhã e, nada pior lhe acontecerá nesse dia. É como a Lei de Murphy diz "se alguma coisa pode dar errado, assim será". Foi com estas duas ideias que comecei o dia caminhando. Eram cinco horas brasileiras quando me dispus ao caminho com mais um amigo que em tempos trabalhou na Usina Uruba. Ele recordou-me serem esses tempos idos de muita cachaça e, amiudadamente refere que graças a Deus esses tempos já não o são mais e, por graça da igreja que agora frequenta, evangélicos do sétimo dia.
E, como um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta, também defini por mim próprio que um homem sem reais no bolso, nada pode comprar. A experiência de vida leva-nos a tirar conclusões rápidas tornando-nos quase sábios mas, com quarenta reais no bolso, botei meu boné amarelo com buracos de refrescamento e minhas botas de papa-léguas com pontas de aço. Com uma manga semi verde em cada mão por aí fomos.
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No refresco da manhã e, faltando vinte minutos para as seis da madrugada, chegamos à feirinha do “Cleto” situada num bairro entre a via expresso e a Avenida Fernandes de Lima de Maceió, que segue até ao aeroporto Zumbi dos Palmares e continua para Recife pela via BR-101. Aqui é um dia normal de quinta-feira mas no M´Puto é feriado, dia da restauração de Portugal.
Com os apetites afiados na vontade de querer, perguntei ao cara careca da banca do peixe se tinha sardinha e, respondendo-me afirmativamente mandei-lhe pesar 3 quilogramas e que por ali passaria a recolhê-la dentro de dez minutos. Recomendei que lhe tirasse a cabeça e tripas. A intenção era fazer uma caldeirada na panela de pressão com verduras de pimentão, maxixe, cebola, batata e couve.
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Sardinhas limpas, sacola num vai e vem da caminhada no rumo de regresso até Antares, bairro de caserio baixo e construção modesta. Percorremos ruas empedradas, asfaltadas e em terra bordeada a capim, cachorros espreguiçados nas ombreiras de portas desniveladas, pintos correndo em fila atrás da mãe pedrês e ciscando depois nas humidades de águas descuidadas, paradas na negrura saponácea das valetas.
Já banhado, flanelas frescas de limpas, calos raspados, tomo o café da manhã composto do meu milongo de abóbora com gengibre, queijo de búfala e pão com fermento biológico feito pela Margarida, a senhora da casa. E, vem a simpatia da dona na forma de banana comprida frita mais a tapioca e o mamão. Para terminar o café Santa Clara bebo-o com sorvos de prazer miudinho entretendo os entretantos com o linguajar nordestino entremeado pelas vidências do Carlinhos profeta.
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Lá fora no canto coberto e ventilado da casa, meu porta-aviões, espera-me a rede de esfregar preguiça e cochilo mas, entretanto juntei meus livros, meus caderno e lápis mais o ilustre computador para neste puxadinho alpendre e na mesa redonda com toalha de pano de cocô assentar meus pensamentos na forma de palavras baloiçadas. No jeito de amor que me é peculiar, boto falas atravessadas e canforadas no espirito de massajar os amigos sem a essência de terebentina.
Ligo o computador e, este não responde da forma habitual, lento, mas que se passa!? – Pergunto de mim para mim mesmo. Num liga e desliga, acciono o antivírus a fazer verificação completa pelo kaspersky. Neste meio tempo de espera, escrevo estas malambas e na forma de xicululu (olho gordo, feitiço) de modo a não ficar olhando as nuvens com um avião passando de quando em vez, saído do Zumbi.
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E, como meu próximo destino é o Uruguai, vou ao encontro da história para não chegar la vazio de sabedoria. Recorro assim aos meus anteriores escritos referentes ao tempo de D. João VI aquando por ali aquele se chamava de Banda Oriental e mais tarde de Cisplatina e, em que Frederico Lecor teve parte interveniente. Foi este que comandou o exército da tomada do Uruguai a Espanha que se encontrava nas mãos de Napoleão.
Nunca antes se tinha visto tamanho exército em terras Americanas tendo no seu comando homens de armas valorosos, que se tinham salientado em outras praças de guerra; o plano de ocupação da Cisplatina tinha um efectivo de pessoal a saber: 7 oficiais do Estado-maior de Divisão; 10 Oficiais do Estado-maior de Brigadas; quatro Batalhões de Infantaria com mais de 3600 homens.
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Cerca de 900 homens de Cavalaria; 252 artilheiros e 36 músicos. O então príncipe Dom João veio a ser aclamado rei a seis de Fevereiro de 1818. As solenidades de aclamação e coroação como Rei de Portugal, do Brasil e do Algarve, tiveram lugar no Rio de Janeiro tendo na concessão de várias mercês sido dado o título de Barão de Laguna ao General Francisco Lecor, Governador de Cisplatina e Comandante Supremo do exército ali estacionado.
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