Quinta-feira, 30 de Novembro de 2017
XICULULU . XCVII

TEMPOS DORMIDOS - 30.11.2017

- O esquecimento existe mas, nós não somos só silêncios... Encontrei-me com John Wayne no Pingo Doce de Aljustrel. Desta vez contei-lhe meus apegos...   

Por

soba0.jpeg T´Chingange

Enquanto tomávamos café, outras pessoas e até o padre de Messejana, um preto da Guiné, olhavam para nós como se fossemos gente do além! Não era para admirar pois que ambos estávamos vestidos com os ceifões e capotes do frio. Ou então, era pela celebridade de John. Perante isto foi ele que quis saber do porquê de eu andar por aqui, de onde vinha e outros edecéteras; estava desconfiado que as atenções eram mesmo para mim...

john01.jpg Eu, que tanto teimava em me esquecer, fui de novo obrigado a desfrisar minhas periclitarias:- Nasci em águas internacionais, num vapor chamado Niassa, disse! Sou cidadão do mundo, Angolano na diáspora, Mazombo por condição; ando pelo Mundo à procura de mim! Tenho cédula de brasileiro, Bilhete de Identidade do M´Puto mas, ando às arrecuas para fugir ao meu paradigma.

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John Wayne mostrava-se também ávido de rever aquilo que foi sua infância em uma outra encarnação e, neste relembrar tentava encaixar-me no mesmo fardo. Ele só sabia que em tempos idos, fui seu duplo, nas quedas de cavalo - filmes de "El Dorado" entre outros; nada mais sabia!

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Ele, não tinha certeza absoluta se aquela sua infância longínqua foi passada em Aivados ou Alcaria e tem até uma ligeira certeza de que tinha familiares em Panoias pois que, refere estar em um alto, lugar de poder ser vista de muitos horizontes. A todo o momento parávamos para apreciar as coisas ínfimas; tirava suas fotos amarelecidas da balalaica que se viravam em hologramas 3 D. E, estas até exalavam cheiros. Deveria ser uma tecnologia avançada do paralém.

mess0.jpg Entendo agora do porquê, em nosso último encontro ele apanhar uns cardos de cor amarela e mete-los em seu alforge, como aqueles que os cowboys usam; nem lhe perguntei, pois tudo nele, era inusitado.

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Afagou uma minúscula carriça que lhe saltou para o ombro, vinda não sei de onde e de repente apeou-se junto a um frondoso sobreiro da foto que me mostrava e, de novo falou em seu inglês rachado: - You know the difference between a sobreiro and the azinheira? Rsss… Se eu sabia distinguir o tronco do sobreiro e azinheira? Pópilas! Estas variações rápidas confundiam meus zingarelhos. Ali ao lado e, num repentemente saltar para a foto! Só mesmo doutro mundo.

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Só sei que a azinheira dá bolotas comíveis enquanto as do sobreiro não prestam, melhor são intragáveis! Disse eu! - Pois então fixa-te nisto disse ele, o tronco do sobreiro é de casca grossa, rugosa, irregular de fendas e nódulos irregulares enquanto a azinheira tem a casca fina, fendas regulares e longitudinais além de ter as folhas mais pequenas e, como dizes as bolotas comem-se.

nito01.jpeg Estive quase a dizer-lhe que os quatro pombos bravos que comi recentemente tinham em seu papo bolotas inteiras; que afinal não eram só os bácoros que comiam isto mas, deixa para lá, nada disse!

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Lá na paralaxe do além de onde venho, utilizamos muito esta glande para nos dar energia atómica, podermos assim a partir de suas partículas radioactivas de nos transmutarmos num ápice de um para outro lado! - Assim como levitar e andar só de pensamento? Interroguei-o! Estava tudo explicado. Este Wayne era mesmo um ET.

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Ele tentou então explicar-me: - Quando olhamos para o espaço, em seu conjunto, a distância das estrelas é tão grande que perdemos a noção de profundidade, num primeiro momento. Todas as estrelas parecem então estar à mesma distância, coladas numa grande esfera, a esfera celeste. Mas, na verdade, elas não estão à mesma distância, sendo o método de paralaxe usado para medir algumas dessas distâncias.

mess2.jpg Agora sim, estou feito ao bife, pensei! Belisquei-me e doeu, estava vivinho da costa. É aqui que nos movemos, na sombra da paralaxe, continuou. Estava explicado este seu entusiasmo em ver as moléculas expansivas alimentadoras de seus iões ou catiões feitos nuvens, assim como um orvalho cacimbado.

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Mas eu, mesmo querendo, não consegui entender a cem por cento, mas disfarcei que sim... Estava tudo nos conformes! Mais ou menos isso, teletransporte nos iões espaciais! Disse ele. Isto é demais para a minha caminheta, afirmei sem nada dizer, só mesmo para mim! É melhor ficarmos assim! Notei que ele não gostou deste meu momentâneo desinteresse.

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Neste entretém ouvimos um kwé-kwé de um pássaro grande e preto por mim nunca visto! Seriam os seus guardiões dessa terra do Paralém. Podíamos ouvir tudo ao mesmo tempo, um fenómeno até aqui nunca por mim observado, mas eram os badalos dos bois e das ovelhas não visíveis dali, que sobressaiam desta amálgama de sons.

mess05.jpg O curioso é o de que em momento algum saímos da cafeteria do Pingo Doce de Aljustrel Eu estava leve como uma pena, fazia quase tudo, eu que tenho tanta dificuldade a atar os sapatos pela manhã; parecia ser um ser gasoso.

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Saímos dali com toda a gente desfrisando os olhares em nós. Montamos de novo nossos cavalos holográficos e num repente estávamos bem no átrio da ermida da nossa Senhora de Assunção de Messejana. De novo apeamos e, ambos nos sentamos no muro largo feito daquele xisto caiado.

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Num encantamento, tirou nem sei de onde uma gaita-de-foles e começou a tocar uma musica volátil que trazia aos sentidos o cheiro de plantas distantes, pode dizer-se paradisíacas… Foi quando vi as nuvens virem até nós e fundir-se em uma senhora, pairando ali bem perto sem qualquer assentamento; tudo indica ter sido a Nossa Senhora de Assunção…Nunca tinha sentido assim uma sensação de tanta tranquilidade…

mess122.jpg Não demorou muito meu microonda tocou! Eram as fotos nossas enviadas por Assunção Roxo mostrando suas fosfóricas versões de tudo do que falávamos antes; John Wayne ficou encantado e, logo após eu ter transferido estas para o seu caderno holográfico escafedeu-se! É sempre assim...

(Continua…)

O Soba T´Chingange



PUBLICADO POR kimbolagoa às 21:05
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Temos um Hino, uma Bandeira, uma moeda, temos constituição, temos nobres e plebeus, um soba, um cipaio-mor, um kimbanda e um comendador. Somos uma Instituição independente. As nossas fronteiras são a Globália. Procuramos alcançar as terras do nunca um conjunto de pessoas pertencentes a um reino de fantasia procurando corrrigir realidades do mundo que os rodeia. Neste reino de Manikongo há uma torre. È nesta torre do Zombo que arquivamos os sonhos e aspirações. Neste reino todos são distintos e distinguidos. Todos dão vivas á vida como verdadeiros escuteiros pois, todos se escutam. Se N´Zambi quiser vamos viver 333 anos. O Soba T'chingange
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