Xipala é rosto, é cara e, book é livro. 20.03.2019
– Eu e Mery, convivemos acumulando experiências como quem junta pacotes de arroz carolino e feijão preto, por via de uma qualquer revolução que possa surgir. Com sucesso, mudamos de rumo provocando barlaventos ocasionais nos pontos cardeais de nossos mistérios…
Por
T´Chingange – No Nordeste brasileiro
Minha empregada Mery de Campala anseia ir para sua terra e gozar o seu lar, doce lar. Dá-me a impressão que todos os dias de manhã se sente estéril fora da sua Uganda porque, tudo tem um porquê, embora ela, nada diga; sinto ou pressinto nela um espaço cinzento com um sorriso suficientemente grande para se iluminar e criar empatia ao seu redor. Por vezes somos muito íntimos e, até ficamos empolgados com nossa imaginação compartilhada e, que muitas vezes nos atormenta.
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Normalmente, acompanhamos nossas falas com um gim e água tónica, costume dos fins de tarde em áfrica para afastar mosquitos; eles, os mosquitos não gostam do quinino da água tónica que se nos mistura no sangue. Por vezes levanto um sobrolho interrogado em expressões de objectar pelo que, ela diz numa forma não surpreendida fazendo-se de boa ouvinte e, passando também a sacolejar pensamentos, inclina-se num vazio de sotavento.
Faz tempo que Mery quer rever sua família e amigos do Uganda. Como eu, nasceu em quatro de Junho, uns anos posterior ao meu, sem isso impedir de juntos aprendermos a viver mantendo uma filosofia de sempre aprender. Apreender a sermos felizes o quanto baste. Pois assim é, para convivemos acumulando experiências como quem junta pacotes de arroz carolino e feijão preto e, também, por via de uma qualquer revolução que possa surgir; um aditamento permanente na nossa última vez relevando sempre o agora.
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Por vezes fala do Idi Amim, das convulsões desse então no seu Uganda. Idi Amin Dada foi um ditador militar e o terceiro presidente de Uganda entre 1971 e 1979. Amin juntou-se ao King's African Rifles, um regimento colonial britânico, em 1946, servindo na Somália e no Quénia… Tento disfarçar dizendo a ela que também nasci num mar turbulento num barco chamado de Niassa mas, ela sem o dizer nunca acreditou em pleno mas, o objectivo é alcançado. Para ela eu sou NIASSALÊZ – com sucesso, mudamos de rumo provocando barlaventos ocasionais nos pontos cardeais de nossos mistérios.
Repito: -mudamos de rumo provocando barlaventos ocasionais aos pontos cardeais de nossos mistérios. Como eu, ela também espera boatos contaminados e, até os contamos como se fossem missangas de caurins enfiadas num fio.
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Contou-me que muitas vezes lá na terra dela, comeu matooke, uns hambúrgueres feitos com vermes muito estrugidos com cebola, chamados de mopane, umas lagartas muito nutritivas sem dentes nem cascos duros e, que ficam junto com a cebola crocantes! Também entra nisto, alho, gengibre, jindungo, alface e jimboa. Parece que na tua terra, isso tem o nome de catato, ouvi algures, alguém dizer! Disse isto, assim de corrida misturando anseios com afirmações e desejos…
Pois, comi isso no IN-DA-BELLY vendo as Cataratas Vitória, ainda nem faz seis meses, um restaurante situado no conjunto de bungalows do Zimbabwé! Até que gostei disso, disse eu numa forma de quem faz um recado para si mesmo tirado da caixa postal do seu baú – nosso correio. Quem nunca provou pode arrepiar-se quando vê devido ao seu aspecto. Meus companheiros de viagem arrepiaram-se; admirei-me pois que eram portadores de bilhetes de identidade tirados na Luua (angolanos de gema). O Chinguiço gabarolas, tenho de dizer isto aos soluços: até se dizia ser, o melhor condutor de áfrica, ora bem…
Não obstante a má aparência, este bichinho raras vezes tocam no chão durante a sua vida que é feita em cima de certos arbustos alimentando-se de suas folhas com o mesmo nome mas, não exclusivamente; algo parecido com a lagarta ou bicho-da-seda que só come folhas de amoreira. Em Angola, esta espécie encontra-se nas províncias do Uíge, Malange e no Lubango, sendo esta última a origem dos catatos da D. Joana, que os cozinha e vende na praça do Prenda em Luanda. Uma boa ocasião para a Kianda Roxo provar.
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Mery, ficou encantada com meus gostos “de preto” no dizer dela e lá tive de dizer como isto se prepara: - “Primeiro coze-se o catato e deixa-se a secar, depois de estar seco faz-se um refogado com cebola, óleo e bastante jindungo numa frigideira. Depois disso, está pronto para comer.”- Foi D. Joana que me ensinou; compra o produto nas mumuílas que vêm do Lubango. D. Joana, ao lado da bacia vermelha que tem por cima da banca de madeira, tem dois copos, um pequeno e um maior, o mais pequeno, cheio, custa 50 kwz e o maior custa 100 kwz.... Custava, conclui eu. Agora não sei…
- Tu, falando assim para mim, disse Mery: a felicidade connosco nunca petrifica; a felicidade brilha como a areia nas nossas mãos. Falando assim, até parece que os africanos têm um só progenitor – um pai sem cor. – E, tu vês-te assim na tua Kúkia de Campala? Perguntei de rompante. A resposta veio tão rápida como um qualquer relâmpago: - bazungus e negros vêm ao mundo pálidos como o gelo – quando crescem, uns ficam enigmáticos e outros querendo ser brancos, jogadores de futebol ou basquete. Cada qual fica uma fábrica de falas; porque dizem que só assim é, quem andou na melhor universidade de África – a universidade de Makerere!
Não querendo deixar-me apodrecer entre linhas perguntei: Mas, que universidade é essa de que falas, essa de melhor de África? Foi aonde estudei. E, é o que todos dizem, especialmente aqueles que nunca lá puseram os pés. Eu sorrio sempre concordando com eles, embora o edifício esteja a cair aos pedaços. Estendendo o braço ofereceu-me e, eu comi: -Dentro de uma folha de bananeira, um pacote de formigas, deliciosas enswa. Embora a folha estivesse amassada, recordei as tanajuras que em tempos comi em Colatina do Espirito Santo… Vais querer saber mas, isso só mesmo para outro capítulo…malembemalembe. Mery, assim ficou, com o sobrolho descaído…
O Soba T´Chingange
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